Anatomia de uma Queda – Análise

Um filme de 2h30 que prende pela realidade do quão perigoso é.

Esse final de semana consegui assistir o filme Anatomia de uma Queda – Anatomy of a Fall. Um filme de 2h30 que prende pela realidade do quão perigoso é, para um relacionamento, a vitimização de um parceiro que culpa o outro pelas próprias escolhas.

O filme tem diálogos fortes sobre a vida de um casal. De um lado, uma mulher forte, independente, inteligente, dona de si e de suas escolhas, realizada profissionalmente, e aceita seguir o marido para outro país, para que este tivesse, também, a oportunidade de realizar seus objetivos pessoais e profissionais.

Do outro um homem amargurado insatisfeito com sua vida pessoal e profissional. Um pai que se sente culpado pelo grave acidente do filho e se dedica, a sua recuperação. Mas que passa a questionar essa dedicação, porque ao ser o primeiro pilar de apoio do filho, permitindo assim que a esposa desenvolvesse seu trabalho, teria renunciado a suas próprias escolhas, culpando o filho e a esposa pelo seu fracasso.

A queda mortal de um relacionamento, de um pai, de um homem fraco, inseguro e vitimista. Entre suas fraquezas um ego ferido por ser a esposa melhor escritora que ele. A queda de um homem que não aceita ter uma mulher mais forte, que não esconde quem é e ainda é melhor profissionalmente.

Acidente, suicídio ou homicídio? Paralelamente, um julgamento para definir como o marido morreu. Não conheço o sistema francês, para saber se o procedimento de estabelecer diálogos entre advogado, promotor, réu e testemunhas é real, ou apenas decorrer da dramatização.  Os diálogos deixam bem claros a universalidade da presunção de culpa da mulher decorrente de um comportamento liberal e a vitimização do homem numa sociedade misógina.